30 de junho de 2010

"Cala a boca, Galvão" e o Vocativo

Copa do Mundo é sempre demais! Eu, particularmente, gosto muito e acompanho os jogos não só da Seleção Brasileira, mas também de outros países. Vi algumas zebrinhas pastando pela África, a seleção de Gana indo para as quartas de final, França e Itália dando mancada e saindo pela direita, enfim, esta Copa está muito boa.

Outra coisa de que gosto muito são as torcidas de seus respectivos países. Eles torcem mesmo: usam chapéus, perucas, pintam seus rostos, usam fantasias, é uma loucura.

O Brasil também não fica para trás com o verde-amarelo de sua roupa. Mas algo tem chamado à atenção desde o início da Copa. Uma faixa na torcida canarinho com os dizeres "Cala a boca, Galvão".

Esta frase virou um frenesi no Twitter com inúmeros seguidores que não gostam de ouvir o narrador esportivo da Rede Globo; fizeram também um boicote para não assistirem aos jogos da Seleção na Globo! Virou até sensação internacional.

Mas o que eu quero ensinar, através desta postagem, não é o amor que devemos ter com o Galvão. Percebam na foto acima que logo após a palavra "boca" vem uma vírgual e, em seguida, o nome "Galvão". Esta é a forma correta de separar um vocativo de uma oração, com uma vírgula.

Vocativo é o termo da oração cuja função é a de chamar ou interpelar um interlocutor, real ou imaginário. É o caso da frase "Cala a boca, Galvão", em que a "pessoa" está se dirigindo diretamente ao funcionário respeitadíssimo da Globo.

O vocativo é um termo independente dentro da oração. Não faz parte nem do sujeito, nem do predicato; por isso não pertence a nenhum dos grandes grupos dos termos da oração (essenciais, integrantes e acessórios). Vejam outros exemplos de vocativo, sempre separado por vírgula:

Muito bom-dia, senhora.
                                 Vocativo

Você, fique aí parado!
Vocativo

Fique onde está, Leonardo.
                                    Vocativo

Regência Verbal - parte 2

Verbos que apresentam mais de uma regência

Como aprendemos na nossa primeira postagem sobre Regência Verbal, há verbos que regem preposições, mesmo achando que não regia nada, e outros que não regem preposição alguma que, para nossa decepção, achávamos que regia sim.

Nesta postagem, veremos alguns verbos mais usuais em nosso dia a dia que pedem mais de uma regência. Não dá para colocar todos, pois a lista é grande. O restante estará na postagem seguinte, que encerrará esta sequência sobre Regência Verbal.

  • Agradar
a) No sentido de "acariciar", "afagar", exige complemento sem preposição:

Deitou-se na rede e pôs-se a agradar o gato.
                                                  VTD       OD

b) No sentido de "contentar", "satisfazer", é mais usado com complemento regido da preposição a:

O desempenho do artista agradou a todos.
                                           VTI           OI
  • Aspirar
a) No sentido de "inspirar", "sorver", exige complemento sem preposição:

Ela aspirou o aroma das flores.
          VTD                   OD

Naquele lugar, todos aspiram um ar poluído.
                                               VTD                OD

b) No sentido de "almejar", "pretender", exige complemento com a preposição a:

A funcionária aspirava ao cargo de chefia
                           VTI                   OI

O candidato aspirava a uma posição de destaque.
                                VTI                           OI

  • Assistir
a) No sentido de "dar assistência", dar ajuda", é utilizado, de preferência, com complemento sem preposição:

Uma junta médica assistiu o paciente
                                         VTD            OD

A nova política agrária procurará assistir o trabalhador rural.
                                                                           VTD                    OD

b) No sentido de "ver", "presenciar", exige complemento com a preposição a:

Assistimos a um filme.
        VTI                OI

Assisti a uma partida de tênis.
     VTI                   OI

c) No sentido de "caber", "pertencer", exige complemento com a preposição a:
É um direito que assiste ao trabalhador.
                                      VTI                 OI

Tal direito assiste ao aluno.
                          VTI           OI

  • Atender
a) No sentido de "acolher", "dar atenção a", é empregado com complemento sem preposição:

O vendedor atendeu o cliente.
                               VTD          OD

b) No sentido de "responder", "tomar em consideração", deve ser empregado, preferencialmente, com complemento regido pela preposição a:

O artista atendeu ao pedido do público.
                         VTI                         OI

O médico atendeu a um chamado urgente.
                             VTI                        OI

  • Chamar
a) No sentido de "convocar", "mandar vir", exige complemento sem preposição.

O técnico chamou os jogadores.
                           VTD           OD

Chame os trabalhadores.
    VTD               OD

b) No sentido de "cognominar", dar nome", exige indiferentemente complemento com ou sem a preposição a e predicativo com ou sem preposição de:

Chamei Pedro de tolo.
     VTD       OD     Predicativo

Chamei Pedro tolo.
      VTD       OD     Predicativo

Chamei a Pedro de tolo.
  VTI              OI       Predicativo

Chamei a Pedro tolo.
      VTI          OI      Predicativo

28 de junho de 2010

Dicas de Português (10)


Oi para todos.

Saiu mais uma postagem minha no blogue da minha, desta vez a postagem sobre Regência Verbal que está lá agora. Cliquem aqui para conferirem

21 de junho de 2010

A organização do trabalho de revisor

O trabalho de texto na fase de editoração organiza-se por dois setores básico: o da preparação, copidesque e revisão e o da produção gráfica.

O trabalho de assistente de revisor consiste em controlar a entrada dos originais, a distribuição dos textos entre os revisores, a remessa e a recepção das provas para e da composição gráfica. Este controle dá-se, também, quanto à qualidade do material original para copidesque, das provas e das correções feitas pelos revisores, contando com a assessoria dos editores para resoluções de dúvidas, definições de diagramação etc. O controle de etapas, prazos, distribuição, de entrada e saída do material faz-se através de quadro de controle.

O trabalho do revisor é o mais íntimo com o texto. Nesse sentido, ele deve estar amparado por um conhecimento próprio do português e de uma língua estrangeira, por bibliografia de suporte e ter olho agudo e mente aberta.

Fonte: BUSSOLOTTI, Maria Apparecida Faria Marcondes. Revisão o trabalho com textos. Câmara Brasileira do Livro. 2008..

18 de junho de 2010

De onde vêm as palavras (15): É um pé-rapado

No Brasil colonial, pés-rapados eram os trabalhadores que produziam riqueza na lavoura e nas minas. Com seu trabalho, o rei português dom João V enchia as burras monárquicas de ouro e diamantes vindos do Brasil. Gastou fortunas em doações a ordens religiosas e foi gigantesco o esbanjamento que garantiu a vida luxuosa da corte, a ponto de o seu reino tornar-se a maior nação importadora europeia. Mas erigiu  também museus, hospitais e a Casa da Moeda, além de providenciar a canalização do rio Tejo. Tudo pago pelos pés-rapados brasileiros.

Fonte: De onde vêm as palavras II

Devemos ter medo dos verbos abundantes?

Com frequência, em minhas participações ao vivo na CBN-Curitiba comentando questões de português, me chegam perguntas envolvendo os verbos abundantes, isto é, aqueles verbos que possuem duas formas no particípio, como acender (acendido/aceso), matar (matado/morto), limpar (limpado/limpo). Os ouvintes costumam me perguntar qual a forma correta: ganho ou ganhado, gasto ou gastado, pago ou pagado, expresso ou exprimido? Como as duas formas são da língua, fiquei me perguntando donde vem esta dúvida, esta insegurança. Por que as pessoas têm uma sensação de que há algo inadequado nessa duplicidade de formas?

A resposta me veio um dia desses ao encontrar um velho amigo na rua. Ele elogiou a CBN-Curitiba por abrir um espaço para se discutir questões da nossa língua e me disse, enfaticamente, que esperava que eu conseguisse “acabar com o famigerado pego” (como em "tinha pego" ou "foi pego"). E acrescentou: “Minha professora de português condenava sempre este uso e tinha uma reação na ponta da língua quando alguém usava essa expressão: pego, não; pegado – pego é o macho da pega, que é uma ave da família dos corvídeos”.

Aí está a origem da confusão. Imagino que muitos de nós ouviram esta frase ou outra semelhante. E, de tanto ouvir, introjetaram a sensação de que os particípios irregulares são inadequados (ou, se preferirem, “errados”).

Infelizmente, o ensino de português tem se pautado há séculos por uma agenda negativa: não se promove a língua viva, mas se gasta um excesso de energia na condenação categórica de fenômenos lingüísticos – como se a língua fosse simples ou imóvel. O único efeito dessas condenações é a insegurança que elas geram nos falantes quando precisam empregar a chamada norma culta.

Em geral, os juízos condenatórios são desmentidos pela realidade sempre dinâmica da língua. Uma simples consulta aos bons instrumentos descritivos é suficiente para elucidar os equívocos dessas condenações infundadas.
Costumo dizer aos meus colegas professores de português (embora raramente seja ouvido porque a tradição destrói o bom senso): antes de condenar ou antes de repetir chavões sobre algum fenômeno lingüístico, consulte, entre outros instrumentos, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Editora Objetiva) ou o Guia de uso do português (escrito por Maria Helena de Moura Neves e publicado pela Editora da UNESP). Em geral, estes instrumentos – que se fundamentam em pesquisa ampla dos fatos da língua – desautorizam as condenações tradicionais.

Meu amigo e sua professora certamente ficariam surpresos se, antes de condenar com tanta veemência o uso de pego, consultassem, por exemplo, o Dicionário Aurélio (atualmente publicado pela Editora Positivo). Nele se lê que pego é o particípio irregular de pegar. E para abonar esta afirmação, transcreve-se um texto de ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade: “Que faz um passarinho fora da gaiola? Às vezes não sabe mais voar, e é pego de novo”.
  
Se fossem ao Houaiss, encontrariam a informação de que o verbo pegar apresenta duplo particípio: pegado e pego. E, mais adiante, leriam a seguinte observação: “Embora se preconize 'pegado' como particípio de 'pegar', convém admitir que 'pego'" tem sido reiteradamente documentado como particípio irregular de 'pegar' no uso culto do Brasil e de Portugal”.

Se formos ao Guia de uso, encontramos as seguintes informações (seguidas de exemplos retirados de sua base empírica, que é constituída de 70 milhões de registros do português escrito no Brasil desde 1950): “1. A forma de particípio 'pegado' é mais usada com os auxiliares 'ter' e 'haver', mas também se usa com 'ser'... 2. A forma 'pego', que sofre restrições em algumas obras normativas, é usada com os diversos auxiliares...”

Ao ler o Houaiss e o Guia, ficamos sabendo que existem aqueles que implicam com a forma "pego". No entanto, nenhum dos dois oferece qualquer respaldo a essa implicância porque desmentida pelos fatos da norma culta atual.

Se formos consultar os gramáticos, veremos que Celso Cunha não inclui o verbo "pegar" entre os abundantes. Mas isso significa pouco porque, segundo informam os próprios gramáticos, estas listas nunca são exaustivas. Rocha Lima acrescenta à sua lista de abundantes a observação de que o particípio do verbo "pegar" no português clássico é "pegado". Como bom Pilatos, lava as mãos quanto à forma pego. Por fim, Evanildo Bechara, o melhor gramático brasileiro vivo, inclui o verbo "pegar" na sua lista de abundantes, atribuindo-lhe, portanto, dois particípios: pegado e pego.

Pacificada está, portanto, a questão da forma "pego". Os bons dicionários a registram, o melhor gramático brasileiro da atualidade a inclui entre os particípios de pegar, nosso maior escritor moderno a usou e, não bastassem todas estas razões, o Vocabulário ortográfico da língua portuguesa, uma espécie de livro do tombo das palavras da língua, organizado, por força de lei, pela Academia Brasileira de Letras, lista "pego" como forma do verbo "pegar".

Podemos, agora, ampliar nossa análise dos verbos abundantes com algumas observações sobre os modos como as diferentes formas são usadas.

A maioria dos verbos do português tem uma só forma para o particípio. E, neste caso, predominam as formas regulares, terminadas em –ado (para verbos da primeira conjugação: amar/amado, comprar/comprado, visitar/visitado) e –ido (para os verbos da segunda e da terceira conjugações: vender/vendido, beber/bebido, partir/partido, sentir/sentido). Alguns poucos verbos têm uma forma irregular (dizer/dito, fazer/feito, ver/visto, vir/vindo, pôr/posto).

Os verbos abundantes, como mencionamos antes, são aqueles que têm esta peculiaridade: duas formas para o particípio – uma regular e outra irregular. Não são muitos os abundantes e, curiosamente, o uso tem dado diferentes destinos a esta abundância de formas. As seguintes situações são observadas:

1 – a forma irregular caiu em desuso. É o caso do verbo assentar, cuja forma irregular assente é de pouco ou nenhum uso no Brasil;

2 – a forma regular caiu em desuso. É o caso dos verbos ganhar, gastar, pagar. Lemos no Guia de uso do português (e também no Houaiss) que as formas "ganhado", "gastado" e "pagado" são de pouco uso;

3 – em alguns casos pode-se dizer que há uma espécie de especialização das formas: a forma regular ocorre mais frequentemente acompanhada dos verbos auxiliares "ter" ou "haver" e a forma irregular, dos verbos auxiliares ser ou estar. Assim é, por exemplo, com o verbo "matar": costumamos usar "matado" com o verbo "ter" (tinha matado) e "morto" com o verbo "ser" (foi morto). No entanto, não há aqui uma regra absoluta. Na maioria dos casos, usamos a forma regular ou irregular com qualquer dos auxiliares.

Os verbos abundantes não devem, portanto nos meter medo. Constituem, sem dúvida, um fenômeno curioso da língua. Mas não é o caso de perdermos o sono com eles. Basta saber que existem e que o uso que deles fazemos espontaneamente é o adequado na norma culta.

Carlos Alberto Faraco é Professor Titular (aposentado) de Lingüística e Língua Portuguesa da Universidade Federal do Paraná.

Fonte: CBN Curitiba

Morre aos 87 anos o escritor português José Saramago, Nobel de Literatura em 1998


Morreu nesta sexta-feira (18) em Lanzarote (Ilhas Canárias, na Espanha), o escritor português José Saramago, aos 87 anos. Em 1998, Saramago ganhou o único Prêmio Nobel da Literatura em língua portuguesa. O escritor nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses.

O autor encontrava-se doente, de acordo com o editor dele, Zeferino Coelho, em entrevista ao jornal português Público. Suspeita-se que Saramago sofria de problemas respiratórios.

Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.

Começou a atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado. Voltou a publicar livro de poemas em 1966. Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.

Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, visto hoje como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois.

Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, onde viveu até hoje.

Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).

O livro Ensaio sobre a Cegueira (1995) foi transformado em filme pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles em 2008.

A primeira biografia de Saramago, do escritor também português João Marques Lopes, foi lançada neste ano. A edição brasileira de Saramago: uma Biografia chegou às livrarias no mês passado, com uma tiragem de 20 mil exemplares pela editora LeYa.

Segundo o autor, Saramagou chegou a pensar na hipótese de migrar para o Brasil na década de 1960. "Em cartas a Jorge de Sena e a Nathaniel da Costa datadas de 1963, Saramago considera estes tempos em que escreveu e reuniu as poesias que fariam parte de Os Poemas Possíveis como desgastantes em termos emocionais e chega mesmo a ponderar a hipótese de migrar para o Brasil. Esta informação surpreendeu-me bastante, pois não fazia a mínima ideia de que o escritor chegara a ponderar a hipótese de emigrar para o Brasil e por a mesma coincidir com o período da história brasileira em que esteve mais iminente uma transformação socialista do país", disse Lopes em entrevista à Folha.com.

Ajuda ao Haiti

Saramago relançou em janeiro deste ano nova edição do livro A Jangada de Pedra, que tem toda a sua renda revertida para as vítimas do terremoto no Haiti. O relançamento da obra foi resultado da campanha Uma balsa de pedra a caminho do Haiti, que do integralmente os 15 euros que custará o livro (na União Europeia) ao fundo de emergência da Cruz Vermelha para ajudar o Haiti. Em nota, Saramago havia explicado que a iniciativa é da sua fundação e só foi possível graças à "pronta generosidade das entidades envolvidas na edição do livro".

Obras publicadas
  • Poesias

- Os poemas possíveis, 1966

- Provavelmente alegria, 1970

- O ano de 1993, 1975
  • Crônicas

- Deste mundo e do outro, 1971

- A bagagem do viajante, 1973

- As opiniões que o DL teve, 1974

- Os apontamentos, 1976
  • Viagens

- Viagem a Portugal, 1981
  • Teatro

- A noite, 1979

- Que farei com este livro?, 1980

- A segunda vida de Francisco de Assis, 1987

- In Nomine Dei, 1993

- Don Giovanni ou O dissoluto absolvido, 2005
  • Contos

- Objecto quase, 1978

- Poética dos cinco sentidos - O ouvido, 1979

- O conto da ilha desconhecida, 1997
  • Romance

- Terra do pecado, 1947

- Manual de pintura e caligrafia, 1977

- Levantado do chão, 1980

- Memorial do convento, 1982

- O ano da morte de Ricardo Reis, 1984

- A jangada de pedra, 1986

- História do cerco de Lisboa, 1989

- O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991

- Ensaio sobre a cegueira, 1995 (Prémio Nobel da literatura 1998)

- A bagagem do viajante, 1996

- Cadernos de Lanzarote, 1997

- Todos os nomes, 1997

- A caverna, 2001

- O homem duplicado, 2002

- Ensaio sobre a lucidez, 2004

- As intermitências da morte, 2005

- As pequenas memórias, 2006

- A Viagem do Elefante, 2008

- O Caderno, 2009

- Caim, 2009

Fonte: UOL

Dicas de Português (9)

Saiu mais uma dica de português no blogue da minha empresa; desta vez, fala sobre a ambiguidade, que tratei aqui neste espaço também. Se quiserem conhecer mais o meu trabalho, cliquem aqui.

17 de junho de 2010

Regência Verbal - parte 1

Observem as seguintes orações:

Assisti ao filme na televisão ontem.
Assisti o paciente no hospital naquela noite.

Por que, em alguns casos, usamos “assisti ao” e em outros, “assisti o”? É sobre isso que vamos falar hoje, sobre a regência verbal.

A regência verbal trata das relações entre os termos da oração, neste caso, o verbo e seu complemento (objeto direto ou objeto indireto), verificando como estabelece a dependência entre eles (uso de preposição ou não).

Bom, já sabemos que quem quiser ver algum filme, uma peça de teatro etc., dizemos que "assistimos a alguma coisa" (a uma peça de teatro, a um filme etc.); já quem quiser dar assistência médica, dizemos que "assistimos alguém".

Pois é, o nosso português, às vezes, nos prega cada peça, não é?. Mas não são somente estes exemplos que devemos tomar cuidado. Na próxima postagem sobre o assunto, tratarei sobre alguns verbos que devemos tomar cuidado quanto a sua regência.

Qual é o correto?

No estudo da ortografia, em nossas gramáticas, aparece o modo de usar corretamente as letras "ss" nas palavras. Uma das ocorrências está na correlação de palavras com "ced - cess". Vejam os exemplos: 
  • ceder - cessão
  • conceder - concessão
  • retroceder - retrocessão 
Percebem que, quando há mudança de "ced" para "cess", as palavras não mudam de significado, permanecem com o mesmo sentido.

 
Agora, caso seja com a palavra "exceder", será que existe alguma correlação? Não, não existe a palavra "excessão" em qualquer dicionário. Porém existe "exceção", com significado totalmente oposto ao de "exceder"; mas existe a palavra "excesso".  Vejam os significados destas três palavras:

  • Exceder. Ir além de; ultrapassar.
  • Exceção. Situação incomum ou excepcional; privilégio; raridade; exclusão.
  • Excesso. Abuso; falta de moderação; grau muito elevado; exagero.
  • Excessão. Não existe.

Portanto, na formação de palavras com "ss", há correlação nos primeiros três exemplos citados no início desta postagem, porém em "exceder", não pode ser feita alguma correlação; "exceção" e "excesso" são palavras totalmente opostas; e "excessão" não existe.

16 de junho de 2010

Tarefas finais

Antes de liberar a obra para impressão, devemos verificar o seguinte:
  • Se as últimas correções foram feitas;
  • Linhas viúvas e órfãs, quebras de linhas;
  • Notas de rodapé: relação texto/nota e sequência, local da página;
  • Corpo do texto: citações de páginas do próprio texto;
  • Bibliografia;
  • Títulos;
  • Sumário: numeração de páginas do texto e títulos de capítulos;
  • Capas: orelhas (foto, currículo, textos), lombada, cores;
  • Colofão: créditos;
  • Ficha catalográfica;
  • Índice remissivo, onomástico etc.
 Fonte: Revisão, o trabalho com textos

Nova Ortografia assinada pelo presidente

Nova Ortografia da Língua Portuguesa - Dúvidas quanto ao acento em ditongos abertos

Percebo que ainda existem pessoas que têm dúvida sobre o acento agudo em ditongos abertos, de acordo com a Nova Ortografia. Portanto, escrevo esta postagem para acabar de vez com a dúvida.

De acordo com o Novo Acordo Ortográfico de 1990, os ditongos abertos éu, éi e ói, continuarão com acento somente se forem oxítonas (sílaba tônica na última sílaba); esta regra se encontra na Base VII sobre a acentuação em ditongos:
Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u:

ai, ei, éi, ui;

au, eu, éu, iu, ou;

braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar; cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.
Já estes ditongos, se forem paroxítonos, de acordo com a Base IX, parágrafo 3º, o acento é retirado:
Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação:

assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia;

coreico, epopeico, onomatopeico, proteico;

alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina.
Então, tiramos o acento de ideia, assembleia, jiboia, heroico, Coreia, europeia e, como vimos, mantemos o acento em herói, ilhéu, pastéis etc.

15 de junho de 2010

Tipos de publicações

 
Livro. Segundo a UNESCO, considera-se livro a publicação com mais de 48 páginas; publicação não periódica.

 Revista. É uma publicação periódica, com assuntos de interesse geral ou específico de uma atividade ou área do conhecimento.

Boletim. Publicação periódica com assuntos específicos de uma determinada atividade, dentro deu ma área do conhecimento.

Folheto. Publicação não periódica, de 4 a 48 páginas no máximo.

14 de junho de 2010

Momento Carlos Drummond de Andrade

De onde vêm as palavras (14): Dar de mão beijada

Com o significado de entrega espontânea, esta frase nasceu do rito empregado nas doações ao rei ao papa.

Em cerimônias de beija-mão, os fiéis mais abastados faziam suas ofertas, que podiam ser terras, prédios e outras dádivas generosas. O papa Paulo IV, em documento de 1555, aludiu a esses meios regulares de provento sem ônus, dividindo-os em oblações ao pé do altar e de mão beijada.

Desde então, a frase tem sido aplicada para simbolizar favorecimetos.

Fonte: De onde vêm as palavras II

Qual é a correta?

Na última postagem sobre verbos, falei sobre os verbos no futuro do subjuntivo e que encontramos este modo presente em orações subordinadas.

Percebem que as orações acima são subordinadas (condicional). O segundo exemplo, "Se eu ver a minha mãe..." é o que nós geralmente falamos. Mas infelizmente esta oração está errada, pois o verbo "ver" não está conjugado no futuro do subjuntivo como deveria ser, mas no presente do indicativo, tempo e modo que não podem ser usados em orações subordinadas, somente nas principais. Por isso que a primeira oração é a correta.

É estranho, mas a conjugação do verbo "ver" no futuro do subjuntivo é esta:

Quando ou se eu vir
Quando ou se tu vires
Quando ou se ele vir
Quando ou se nós virmos
Quando ou se vós virdes
Quando ou se eles virem

Vejam outros exemplos:

Quando ele vir meu pai, deverá ir em direção a ele.
Se nós virmos os professores, gritaremos.
Quando eu vir todos os meus amigos, abrirei um grande sorriso.

Já o verbo "vir", no futuro do subjuntivo, fica assim:

Quando ou se eu vier
Quando ou se tu vieres
Quando ou se ele vier
Quando ou se nós viermos
Quando ou se vós vierdes
Quando ou se eles vierem

Vejam exemplos com o verbo "vir".

Quando todos vierem da praia, compraremos pizza.
Se ela vier para minha casa, farei a sua cama.

Verbos, como usá-los? (5)

- Pretérito imperfeito do subjuntivo

Como já expliquei na postagem anterior sobre verbos, o modo subjuntivo só é usado em orações subordinadas. No presente do subjuntivo, podemos encontrar o verbo da oração principal no presente ou futuro do presente do indicativo.

O pretérito imperfeito do subjuntivo pode indicar uma ação passada, presente ou futura em relação ao verbo da oração principal. Podemos encontramos o verbo da oração principal nos seguintes tempos verbais:

a) Pretérito imperfeito do indicativo: Se eu tivesse coragem, contava a verdade.
b) Futuro do pretérito do indicativo: Ficaria feliz se ele fosse à minha casa.

Observação. Os verbos em vermelho estão no pretérito imperfeito do subjuntivo.

- Futuro do subjuntivo

Este tempo é empregado também orações subordinadas para indicar eventualidade no futuro. O verbo da oração principal pode ser encontrado tanto no presente do indicativo como no futuro do presente do indicativo:

Quando eu vir o meu namorado, aceno para ele. - Presente do indicativo

Se eu tiver tempo, farei o trabalho. - Futuro do presente do indicativo

11 de junho de 2010

Dicas de Português (8)

Olá, pelo Dia da Língua Portuguesa, uma das minhas postagens aqui foi publicada no blogue da minha empresa: sobre a expressão "sendo que". Cliquem aqui para ler a matéria e conhecer mais um poquinho do meu trabalho.

Abraços!

10 de junho - Dia da Língua Portuguesa

Pois é, não é que esqueci que ontem foi o dia do nosso querido português, tão apreciado que ainda muitos falam "menas" por aí. Eu, que sou uma apaixonada pela lingua e pela linguística, não poderia esquecer, não é. Trabalho com português há sete anos e não me arrependo da minha escolha: ser uma profissional na área de Letras, especialmente, na minha língua.

Bom, quero deixar um poema que é bem conhecido de todos: Língua Portuguesa. Foi escrito pelo poeta parnasiano Olavo Bilac em homangem à nossa Inculta e Bela.

Língua portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",

E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Crônicas de amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

Tipos de edições

Edição científica e técnica. Textos específicos de uma determinada área do conhecimento ou atividade dentro da área.

Edição de revistas científicas. Textos resultantes de pesquisas acadêmicas ou atividades.

Edição de obras infanto-juvenis. Textos literários, recreativos e de divulgação cientifica.

Edição de obras de referência. Textos que dão suporte a pesquisas e atividades redacionais.

Edição de livros de bolso. De porte pequeno, textos adaptados, de divulgação, manuais, literaturas.

Edição didádica e paradidática. Textos escolares das diversas disciplinas e complementares a estes.

Edição de livros de arte. Divulgação da arte em geral e de estudos que envolvam aspectos artísticos.

Edição de desk book. Livros de mesa, de arte, para folhear em salas de espera, visita etc.

Edição de jornal e revistas culturais. Periódicos semanais, diários, mensais, semestrais etc., vários formatos, assuntos informativos, análise, artigos etc. de interesse público.

Fonte: Revisão, o trabalho com textos.

10 de junho de 2010

Siglas

Atente para as seguintes observações ao redigir siglas em um texto:

a) As siglas podem ser formadas por sílabas ou partes das iniciais do nome de órgão ou entidade: Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento).

b) Usar letra maiúscula e minúscula (caixa alta e baixa) no nome completo da sigla, depois, a sua sigla, entre parênteses: Estados Unidos da América (EUA).

c) Não devemos usar pontos intermediários (abreviativos) nos finais de cada letra das siglas: CMTC (e não C.M.T.C.).

d) Siglas já identificadas com um nome de empresa, ou as muitos conhecidas, dispensam explicações: Petrobras, Varig.

e) Siglas com até três letras são escritas em letras maiúsculas: BC, USP, CPF; siglas com quatro letras ou mais vão em letra maiúscula e minúscula: Inamps, Masp, Eletropaulo. Exceções: UNESP, FUNDUNESP

f) Pronuncia-se separadamente cada uma de suas letras.

g) Algumas siglas podem ter letra maiúscula e minúscula: CNPq, UnB.

Emprego nas orações

Em seu primeiro emprego, a sigla deve aparecer entre parênteses depois do nome por extenso. A partir da segunda ocorrência, menciona-se apenas a sigla. Exemplo: A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma instituição que se dedica às normas técnicas em geral.


Fonte: O livro: manual de preparação e revisão
           Revisão, o trabalho com textos


9 de junho de 2010

Qual é o correto?

Lembram-se de uma postagem sobre "Alugam-se casas"? Pois bem, percebam que estas orações acima são parecidas com a que acabei de citar. Podem até ser, mas a norma é diferentes.

Bom, o correto é Precisa-se de digitadores. Ué, por que o verbo está no singular e o substantivo, no plural?

Como havia falado, a frase "Alugam-se casas" está na voz passiva sintética e somente verbos transitivos diretos é que podem fazer este tipo de voz.

Observem que o verbo precisar é transitivo indireto, então, podemos fazer voz passiva também. Claro que não.

Na divisão de sujeitos, existe aquele que é indeterminado. Podemos identificá-lo em orações

a) com verbos na terceira pessoa do plural:
Falaram muito mal de você na reunião.

b) com verbos na terceira pessoa do singular, seguido pela índice de indeterminação do sujeito (-se):
Precisa-se de digitadores.
Acredita-se na existência de discos voadores.

Perceberam a diferença? Por isso, não podemos colocar o verbo "precisar" no singular, por fazer parte de uma oração com sujeito indeterminado.

7 de junho de 2010

Professores são agredidos e precisam até de escolta

A Secretaria de Educação de SP não dá números para “preservar as escolas” e anuncia mediadores de conflitos

Professor com medo de aluno. Esse é o clima em escolas públicas da região de Campinas. Um estudo, feito pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, revela que 34% dos professores campineiros já foram agredidos fisicamente por alunos e 58,3% já sofreram agressão verbal. Os casos são tão frequentes que professores e diretores tratam as ocorrências como caso de polícia.

Em Paulínia, no início do ano, uma professora teve de ser escoltada por GMs da escola pra casa, após ter sido ameaçada por alunos. O caso de Paulínia não é isolado. Um professor de matemática de Sumaré, que não quer se identificar, foi ameaçado por um aluno do ensino Médio, em março. Por impedir o estudante de usar o celular na sala, foi empurrado na parede e o aluno avisou que se vingaria.

“Acho que é obrigação da escola registrar BO. Eu fiz porque esse tipo de atitude é coisa de bandidagem”, disse.

Não só professores estão na mira. P.F.D. é inspetora numa escola estadual em Campinas. Em abril, foi ameaçada por um aluno e levou o caso pra polícia. “Essas agressões não vão dar em nada. Mas é crime”, disse. Para a Diretora do sindicato, Suely Fátima de Oliveira, nos últimos meses, a gravidade e a frequência das agressões aumentaram. O sindicato tem um site onde o professor registra casos de violência, mas ela recomenda fazer o BO.

A Secretaria de Educação de SP não dá números para “preservar as escolas” e informa que cada uma terá um professor pra mediar conflitos.

Fonte: UOL

De onde vêm as palavras (13): Amigos, perdi o dia

O imperador romano, Tito Flávio Vespasiano, tido por seus contemporâneos como "a delícia do gênero humano" por reiterar que todos os dias, deveria praticar-se uma boa ação, numa espécie de escoteiro avant la lettre, é autor destra frase, exclamada ao final de cada dia em que não pudera cumprir seu propósito.

Mas Tito foi também o responsável pela guerra travada pelos romanos contra os judeus, uma das mais sangrentas de toda a história, que resultou na destruição do templo de Jerusalém, do qual só restou o pedaço de uma parede, hoje conhecido com o nome de Muro das Lamentações, onde os judeus costumam orar.

Fonte: De onde vêm as palavras II

Crase (8)

Diante de pronomes relativos

A qual/as quais. Ocorrerá crase quando estes pronomes vierem antecedidos pela preposição a, exigida por um termo da oração que tais pronomes introduzem:

A cidade à qual iremos possui praias às quais chegaremos.

Observe que, nesse exemplo, os termos iremos e chegaremos regem a preposição a, que migra para antes dos pronomes relativos e com eles se fundem.

- Observação. Também nestes casos, a ocorrência da crase pode ser demonstrada pelo artifício de substituir os termos regidos femininos por masculinos correlatos:

O país ao qual iremos possui recantos aos quais chegaremos.

Quem e cuja. Os pronomes quem e cuja não admitem a anteposição do artigo; portanto, diante deles não ocorre crase:

Esta é a mulher a quem obedeço.

Este é o autor a cuja obra me refiro.

Nestes exemplos, o a é simplesmente preposição.

Que. Diante do pronome relativo que, normalmente não há crase, pois esse pronome não admite a anteposição do artigo.

Esta é a faculdade a que aspiro.

Esta é a cidade a que iremos.

Nestes casos, o a é simplesmente preposição.

- Observação 1. Poderá, no entanto, ocorrer a crase da preposição a com pronomes demonstrativos a e as (= aquele, aqueles) que aparecem antes do pronome relativo que:

Sua caneta era igual à (= àquela) que comprei.

- Observação 2. Em caso de dúvida, é possível verificar a ocorrência ou não de crase pelo recurso da substituição dos termos regidos por masculinos correlatos:

Este é o curso a que aspiro.

Este é o bairro a que iremos.

Seu lápis era igual ao que comprei.

Fonte: Curso prático de gramática