29 de setembro de 2010

Preconceito linguístico


Comprei nesta semana este livro que trata justamente do preconceito que nós, professores de língua portuguesa, muitas vezes temos com a nossa última flor de Lácio.

Claro que devemos nos ater com as normas para uma boa escrita, mas não admitir que a nossa língua é heterogênea, é brincadeira. Devemos aceitar as diversas variações que estão em todo o Brasil, sem discriminação alguma.

O escritor é Marcos Bagno, linguísta conceituado, amado por uns, odiado por outros, mas, mesmo assim, suas reflexões nos levam junto.


Não é um livro caro e recomendo a todos os professores, da língua portuguesa ou não, a lerem e meditarem em como estamos tratanto a língua brasileira.


28 de setembro de 2010

Dicas de Português (22)


Olá, iniciei uma série de postagens sobre o uso correto dos pronomes relativos no meu espaço do blogue da minha empresa. Se quiserem conferir, cliquem aqui.

23 de setembro de 2010

Recall de Livros – a maturidade do mercado editorial

Recall de Livro – Atenção Senhores Leitores – Gostaríamos de comunicar que estamos realizando recall do livro… devido a falhas de narrativa. O autor reviu a história e concluiu que da pagina 178 em diante existem dois assassinatos, quatro declarações de amor, duas cenas de sexo e uma condenação judicial que depõem contra a grandeza do romance. Solicitamos a todos que entrem em contato com a editora e troquem a mercadoria. Informamos também que na nova narrativa, a protagonista não mais se suicida, abandona sua casa em Nova York e decide abrir um salão de beleza para gatos siameses na Mongólia. Eventuais prejuízos com a aquisição do livro serão ressarcidos pela Editora. Pedimos desculpas pela nossa falha e pela incompetência do autor. Obrigado. PS.: Informamos também que o autor passa bem, depois da sua quarta tentativa de suicídio."
Embora o texto acima seja pura ficção, não será espanto se esse tipo de situação vier a ocorrer um dia. A quantidade de recalls (chamada para realização de trocas) que ocorre hoje em vários tipos de indústrias nos faz pensar que em breve podemos ver essa comunicação estampada nos jornais, claro que sem o humor nonsense proposto acima. Casos de recall de livros ainda são raros, mas já existem, por inúmeros motivos, sendo mais comuns as falhas do objeto-físico-livro que podem colocar os usuários em risco (principalmente as crianças). Mas este ano, a Oxmoor House (editora norte-americana com mais de trinta anos de existência) comunicou o recall de quase um milhão de livros (nove títulos) por causa dos erros que poderiam levar o famoso “faça-você-mesmo” ser arriscado, induzindo os leitores a cometer erros durante a instalação ou reparação de fiação elétrica. Os diagramas técnicos expostos nos livros poderiam levar os leitores a passarem por situações de risco de incêndio ou choque elétrico. Até a data da publicação do recall (janeiro), a CPSC – Consumer Product Safety Commission (órgão encarregado de proteger o público de riscos excessivos) informou que não existiam casos de incidentes reportados. Ponto para a editora, que se antecipou ao problema, e ponto para a CPSC, que acompanhou e legitimou o processo.

Normalmente um recall, em qualquer área, ocorre para que riscos sejam evitados, principalmente os riscos morais (que normalmente envolve a credibilidade da empresa, ou do autor) e os riscos judiciais (indenizações). As áreas de marketing sempre estão atentas também ao que chamam de Marketing Viral, ou seja, um erro, ou a possibilidade de que ele ocorra, pode passar adiante uma mensagem (consumidor a consumidor) “contaminando” uma massa de usuários, causando com isso estragos de credibilidade que podem “danificar” a marca. Para evitar que isso ocorra, as empresas estão atentas, realizando recall de produtos quando sentem que o prejuízo posterior pode ser muito maior do que a troca do mesmo. Com a Internet o conceito cresceu, se potencializou e chegou até a indústria editorial com mais densidade.

Em 2008, a editora Companhia das Letras anunciou um recall do livro O Fazedor, de Jorge Luis Borges, quando percebeu que havia 12 erros de grafia em poemas publicados em espanhol (a edição trazia também a tradução dos textos em português). Foi a primeira vez que a editora fez um recall. Pelo número de erros poderia ter optado por colocar uma “errata” (adesivo inserido no livro), comum no mercado editorial, mas segundo informou o editor Luiz Schwarcz à Folha de São Paulo na época (Folha Ilustrada – 30/06/2008), mesmo sendo o custo do recall mais elevado, a editora não queria deixar que essa edição contivesse qualquer errata. Este mês, a Editora Planeta anunciou um recall do livro A Princesa de Gelo, da autora sueca Camila Läckberg, por identificar erros de revisão, sendo que a nova edição deverá chegar ao mercado nos próximos meses. No comunicado oficial a editora pediu desculpas e reconheceu o erro de revisão. Em 2006, outra editora norte-americana, a Little, Brown Book Group, retirou das livrarias dos EUA o livro How Opal Mehta Got Kissed, Got Wild and Got a Life, depois que a autora do romance, Kaavya Viswanathan, confessou ter passagens no livro que foram totalmente copiadas de outra escritora (Megan McCafferty). Um excelente exemplo para mostrar que os autores não estão acima do bem e do mal, e que as editoras estão atentas as inconsistências de conteúdo, principalmente no que se refere a direitos autorais.

O recall de livros não só chegou como deve ser ampliado ainda mais com as facilidades dos livros digitais, o que mostra maturidade e responsabilidade do mercado editorial. Erros, imperfeições, deslizes e equívocos ocorrem em todas as áreas da natureza humana, eu mesma posso o estar cometendo aqui, agora, escrevendo este post. Mas tenho orgulho de fazer parte da cadeia de produção editorial, que lida com conteúdo, opinião e cultura. O crescimento desse mercado acontece também porque seus líderes estão cada vez mais cientes da enorme importância que tem a ética nos negócios culturais.

Fonte: Blog da Cultura

17 de setembro de 2010

Dicas de Português (21)



Olá, saiu mais uma postagem no meu espaço de língua portugesa no blogue da minha empresa. É sobre a segunda parte de como fazer uma boa dissertação. Cliquem aqui para conferir.

De onde vêm as palavras (19): Falais baixo, se falais de amor


A frase é um conselho do célebre dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare, que se casou aos 19 anos, abandonou o lar e passou a dedicar-se ao teatro. Alguns dizem que ele nunca existiu, sendo uma invenção histórica sobre a qual muitos estão de acordo.

A existência de sua obra, porém, é fácil de ser comprovada em muitos lugares do mundo, em diversas línguas e vários palcos, onde vem sendo encenada há quatro séculos.

Suas peças apresentam uma variedade impressionante de personagens e temas, com destaque para o amor e a política, quase sempre entrelaçados.

Fonte: De onde vêm as palavras II

10 de setembro de 2010

Dicas de Português (20)

Olá, escrevi uma postagem sobre a expressão a distância ou à distância, qual seria o correto. Bom a postagem está aqui, é só acessá-la.

9 de setembro de 2010

Evolução da educação no Brasil

Relato de uma professora de matemática:
Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.

Tentei explicar que ela deveria me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.

Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.

Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Escolha a resposta certa que indica o lucro:

a) ( ) R$ 20,00    
b) ( ) R$ 40,00
c) ( ) R$ 60,00
d) ( ) R$ 80,00
e) ( ) R$ 100,00

5. Ensino de matemática em 2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?

( ) SIM
( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.

a) ( ) R$ 20,00
b) ( ) R$ 40,00
c) ( ) R$ 60,00
d) ( ) R$ 80,00
e) ( ) R$ 100,00

7. Em 2010 vai ser assim:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00. (Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder).

a) ( ) R$ 20,00
b) ( ) R$ 40,00
c) ( ) R$ 60,00
d) ( ) R$ 80,00
e) ( ) R$ 100,00
Fonte: Hermes Fernandes

6 de setembro de 2010

Dicas de Português (19)



Esta semana na minha seção de Dicas de Português no blogue da minha empresa, falarei sobre Dissertação, algo que já postei aqui neste espaço. Também está sendo inaugurado o meu desenho (não fiquei "bunitinha"?). Se quisererm conferir como ficou a postagem, cliquem aqui.

3 de setembro de 2010

Namoro Gramatical



Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco, que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
Fonte: Diário de uma perfeccionista