28 de fevereiro de 2011

A capa



A capa, em sentido amplo, é o revestimento externo (flexível ou rígido) de proteção do miolo do livro e pode apresentar ainda os seguintes elementos:

Capa ou primeira capa - Em sentido restrito, capa é a parte frontal do revestimento.

Segunda capa - É a face interna da capa (primeira), onde, geralmente, nada se imprime.

Lombada - O dorso (da capa ou sobrecapa) onde constam ao menos o título da obra e o nome do autor. O logotipo da editora e o número do volume ou da coleção ou série podem também figurar. Quando os tipos (as letras) forem impressos na vertical, o que depende também da espessura do livro, terão o sentido de leitura de baixo para cima.

Terceira capa - É a face interna da quarta capa, onde geralmente nada se imprime.

Quarta capa ou contracapa - A parte posterior do revestimento constitui a quarta capa, onde, além dos dados mencionados a seguir, imprime-se o registro do ISBN (International Standard Book Number).

Orelha - Cada uma das abas (da capa ou da contracapa) dobradas para dentro chama-se orelha. As orelhas não comparecem obrigatoriamente em todo o livro, mas, quando existem, podem formar com a quarta capa umconjunto em que se dá continuidade ao grafismo da capa. Nas orelhas e quarta capa podem distribuir-se informações sobre o livro e/ou o autor ou ainda publicidade de outros livros, coleções etc., da editora.
Fonte: O livro: manual de preparação e revisão

As provas e as etapas de revisão



Cada etapa de revisão relaciona-se a um tipo específico de prova. Em princípio, tiram-se tantas provas quantas forem necessárias à limpeza total de erros, mas, basicamente, a rotina de revisão é a seguinte:

1) Confronto do original com as provas - Desempanhado por dois revisores, conforme menciona-se atrás, este trabalho é feito nas provas iniciais de composição (primeira prova) e na arte final. O cotejo da arte final com o original justifica-se por se nessa etapa que se fazem montagens ou inserções de novos elementos, não existentesna primeira prova.

2) Releitura individual - Concluído o confronto do original com as provas, um terceiro revisor faz uma releitura de todas as provas, recorrendo ao original apena para verificações. Na arte final, esta releitura é de suma importância: tratando-se da última revisão completa, o revisor procede a uma conferência técnica da montagem, das remissivas a outras partes do livro e, enfim, de tudo aquilo que deve comparecer no livro impresso.

3) Revisão decalcada - Este tipo de revisão consiste na conferência da correção das emendas pedidas em prova anterior, seguida de um decalque. Pelo decalque, o revisor coloca a nova prova sobre a anterior, ajustando-a de modo a fazer corresponder as linhas de uma prova com as da outra. A seguir, com uma das mãos, ele levanta e abaixa, em cada linha, a prova superposta e vai acompanhando as alterações havidas. Após a conferência de emendas e o decalque das provas, se for o caso, faz-se outra releitura, nos moldes descritos acima.

Quando as linhas de uma nova prova não corresponderem com as linhas da prova anterior, será mais seguro faer um cotejo palavra por palavra. Isso deve ser feito, por exemplo, quando uma prova for paginada a partir de uma prova de microcomputador, que, normalmente, apresenta outros tipos gráficos, sem alinhamentos.

Fonte: O livro: manual de preparação e revisão

E tem pesquisa em letras?!


Uma das coisas mais importantes de um profissional, seja qual for sua área, é manter-se atualizado. Na área de Letras, isso envolve participar de congressos, grupos de estudos ou mesmo fazer pesquisas. Contudo, o primeiro passo sempre é o mais difícil. Não raro faltam as informações necessárias, orientações básicas. Este texto procura abordar tal questão: a importância da pesquisa, por onde começa

Nunca esqueci três situações que presenciei em minha vida como professor e pesquisador: a primeira foi quando ainda era bolsista de iniciação científica, fui entregar meu relatório mensal na secretaria da pró-reitoria de pós-graduação e pesquisa e um aluno de um curso das ciências exatas ficou surpreso em me conhecer: “Não sabia que havia pesquisa em Letras”. Aquilo foi como uma ofensa para o meu ego.

A segunda situação foi quando já era mestrando e estava no estágio docente. Meu orientador estava dando aula para o primeiro semestre e eu estava no canto, como auxiliar. Foi quando um aluno perguntou ao meu orientador se, além de dar aula, ele trabalhava. Parece brincadeira, mas o professor, talvez sem entender, respondeu que também trabalhava com pesquisa. Mas o aluno insistiu e meu orientador disse que fazia parte de seu trabalho pesquisar, produzir ciência.

Por fim, a terceira, eu passo cotidianamente em meu trabalho, alunos que, quando vão pesquisar algo (na internet, por exemplo) não conseguem achar nada que atenda às suas necessidades.

Essas situações me fizeram refletir sobre como a pesquisa em nossa área tem sido relegada a uma obrigação acadêmica para os alunos e, quando tanto, levada a sério por poucos. Na esperança de que, divulgando alguns sites de grupos de pesquisas e eventos, esse problema possa ser minimizado exporei aqui alguns comentários sobre tais sites. Também serão mencionadas, nas próximas páginas, algumas sugestões de como dar os primeiros passos rumo à produção de conhecimento. É claro que este texto não supre todas as necessidades de um pesquisador, mas acredito que possa servir como pontapé inicial.

(...)

Se quiserem ler mais, cliquem aqui.

Fonte: Língua Portuguesa

25 de fevereiro de 2011

Tipos e corpos

Tipo

Tipo, genericamente, é a letra que resulta de qualquer processo de composição. Os tipos que apresentam as mesmas características, o mesmo desenho básico, constituem um conjunto denominado família. As famílias são muito numerosas, mas, independentemente das caracterísitcas de cada uma, em quase todas elas podem ser encontrados os seguintes tipos:
  • Redondo. Tipo normal, mais claro, de desenho vertical. 
Exemplo de linha composta em redondo
  • Itálico (grifo). Tipo inclindo para a direita.
Exemplo de linha composta em itálico
  • Negrito (bold). Tipo mais grosso que o redondo, também de desenho vertical.
Exemplo de linha composta em negrito

  • Itálico-Negrito. Combinação do negrito com o itálico.
Exemplo de linha composta em itálico-negrito


  • Caixa baixa. Letras minúsculas.
exemplo de linha composta em caixa baixa
  • Caixa alta. Letras maiúsculas.
EXEMPLO DE LINHA COMPOSTA EM CAIXA ALTA
  • Caixa alta-baixa. Inícial maiúcula, e o restante com letras minúsculas.
Exemplo De Linha Composta em Caixa Alta-Baixa

Corpo

Corpo é o tamanho de um tipo, medido em ponto. Pelo sistema de medidas tipográficas denominado Didot, cada ponto corresponde a, aproximadamente, 0,376 mm. Assim, um tipo de corpo 10, por exemplo, tem uma altura aproximada de 3,76 mm (0,376 x 10).

Fonte: O livro: Manual de preparação e revisão

Para um revisor...

Renoir. A leitura, 1889.
"(...) é indispensável que os revisores sejam donos não só de uma cultura vasta quanto variada, como igualmente de bastante tirocínio (aprendizado) profissional e gosto literário; que não se limitem apenas a corrigir descuidos ortográficos e tipográficos, mas falhas de memória, citações defeituosas, os lapsos da escrita e a pontuação inexata; numa palavra: os erros de toda espécie que escapam aos autores; que possam, enfim, desobrigar-se perfeitamente das suas funções, legitimando as justas e elogiosas referências que sempre mereceram dos mais célebres escritores e gráficos de todos os tempos, entre os quais Firmin Didot, o criador dos caracteres do mesmo nome, e Victor Hugo, para quem eram modestos sábios, tão hábeis em polir as penas do gênio."

Francisco Wlasek Filho. Técnicas de preparação de originais e revisão de provas tipográficas.

De onde vêm as palavras (22): Surdo como uma porta


As paredes têm ouvidos, mas as portas são surdas. Os antigos romanos faziam suas oferendas à deusa Porta, suplicando-lhe favores, beijando-a, molhando-a com lágrimas, perfumando-a e enfeitando-a com flores. Tinha também o costume de gritar diante de uma porta fechada, dirigindo-lhe injúrias para desabafar, o que faziam também à própria deusa quando não tinham seus pedidos atendidos.

O escritor romano Feustus registra o costume, denominado occentare ostium (injuriar a entrada, a porta), que vigorou ainda por vários séculos durante a era cristã.

No Brasil pode ter havido influência das cancelas e portões cujos gonzos emperravam e impediam o som das portas, que era o sinal de que estavam funcionando bem. Porta surda era aquela que não podia ser aberta, a não ser com muita dificuldade.

O poeta brasileiro Alberto de Oliveira atribuiu sentimentos e inteligência às portas no soneto A vingança da porta; os ingleses acham que surda é apenas a maçaneta; e os franceses, sempre preocupados com a culinária, dizem "surdo como uma panela".

Fonte: De onde vêm as palavras II

24 de fevereiro de 2011

Recorde ou Récorde?

Podemos ouvir por aí algumas pessoas dizendo /corde/ (proparoxítona), acreditando que seria a pronúncia certa por causa da sua origem da palavra record em inglês. Mas não devemos nos enganar, pois o correto, na nossa língua, seria /rerde/ (paroxítona), ou seja, devemos escrever "recorde" e não "récorde".

A palavra "recorde" significa um ponto máximo em que algo ou alguém alcança. Podemos ver "recordes" no atletismo, na natação, na inflação etc. Nos Estados Unidos, eles presenciam records. Já nós, os brazucas, "recordes".

O Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa registra somente a palavra "recorde" como sendo substantivo masculino e adjetivo de dois gêneneros e dois números. Ou seja: quando esta palavra é empregada como adjetivo, ela pode ser tanto masculina como feminina, tanto estar no singular como no plural. Veja um exemplo: Não há risco de desabastecimento, a inflação está sob controle e há reservas internacionais recorde"; "Números recorde podem ser apresentados hoje à noite pela Bovespa."

O VOLP é o que registra a nossa ortografia oficial; portanto, devo aceitar as palavras que que se encontra neste Vocabulário, como neste caso. Nas Olimpíadas de Londres,  no ano que vem, vamos presenciar números recorde na maiorias das modalidades; quem sabe o Brasil não arrebenta lá também.

Ofício





Ver. Rever. Desver.
Rever o visto, desrever.
E novamente rever.

Longe, o tradutor
Mais longe ainda, um tradutor
Depois, o revisor
E o linotipista
E o revisor do revisor

Serão palimpsestos?
Serão alfarrábios, escritas cuneiformes,
Hieroglifos - ou apenas grifos?
Grifos ou negritos?
Itálicos ou redondo?
Tipo 33 ou 36?

O revisor vê. Revê.
Tudo visto e revisto
Ainda relê
E finalmente deslê.


Dante Moreira Leite

16 de fevereiro de 2011

Bom-dia ou Bom dia?



Bom dia. Boa tarde. Boa noite.

Não sei que horas o leitor está lendo esta postagem, mas, de qualquer maneira, cumprimento-os com estas saudações logo acima. Será que escrevi corretamente?

Esta semana, um leitor de nosso blogue nos enviou uma mensagem via Twitter, perguntando qual seria o correto: bom-dia (com hífen) ou bom dia (sem hífen). O curioso é que saiu uma matéria sobre este mesmo assunto na revista Língua Portuguesa.

De acordo com o dicionário, as duas formas estão corretas, devendo tomar cuidado na hora em que for usá-las. Vamos ver?

Bom-dia. Com hífen, é um substantivo composto formado pelo adjetivo “bom” e pelo substantivo “dia”. Significa um cumprimento que se dirige a uma pessoa no período da manhã. Também existem os cumprimentos, também substantivo masculino, “boa-tarde” e “boa-noite”. Veja alguns exemplos de uso:

Pedro me cumprimentou com um bom-dia caloroso.

Meu chefe não me deu bom-dia hoje.

Deu-nos um boa-noite rapidamente e saiu com a namorada.

Quero que vocês deem um boa-tarde ao novo coleguinha de vocês.

Bom dia. Quando queremos que a pessoa tenha um dia agradável, escrevemos “bom dia” sem hífen. Nada mais é do que um desejo de “dia bom”, “dia agradável”, “dia perfeito” etc. O mesmo vale para “boa tarde” e “boa noite”. É usado, também, em cumprimentos rápidos. Veja exemplos de uso.

Hoje não será um bom dia (“dia agradável”, “dia perfeito” etc.) para fazer compras.

Bom dia, Adriana. (cumprimento rápido)
- Bom dia, Juliana.

Tenha uma boa noite de descanso. (desejo que a pessoa tenha uma noite agradável para dormir)

15 de fevereiro de 2011

Qual é o correto? Concordância Nominal

Muitas vezes, nos deparamos com frases que achamos que estão corretas, mas não estão. Percebendo isto, nesta postagem, quero mostrar alguns exemplos de palavras que vemos em nosso dia a dia, mas que não sabemos como fazer a concordância nominal correta.

Através de alternativas, proponho que identifiquemos a opção correta de acordo com a concordância nominal e, no final, darei a resposta com suas justificativas. Com certeza, isso será mais um aprendizado.

Vamos lá?

Quais são as orações escritas corretamente de acordo com a concordância nominal?

a) Aspirina é bom para dor de cabeça.
b) Aspirina é boa para dor de cabeça.

a) É proibido a entrada.
b) É proibida a entrada.

a) Seguem anexos os livros.
b) Seguem anexo os livros.

a) Havia menos alunas na sala.
b) Havia menas alunas na sala.

a) Bastante pessoas compareceram à reunião.
b) Bastantes pessoas compareceram à reunião.

a) Elas falam bastantes.
b) Elas falam bastante.

a) Os sapatos eram caros.
b) Os sapatos era caro.

a) As maças custam caro.
b) As maçãs custam caros.

a) Ela é meia acanhada.
b) Ela é meio acanhada.

Resposta (assinaladas em vermelho)

a) Aspirina é bom para dor de cabeça.
b) Aspirina é boa para dor de cabeça.

Justificativa. Expressões formadas pelo verbo “ser” mais um adjetivo (é bom, é necessário, é proibido etc.) não variam: Paciência é necessário; Bebida alcoólica é proibido para menores de 18 anos. Mas, se o sujeito vier antecedido por um artigo, então estas expressões variam: A aspirina é boa para dor de cabeça; A paciência é necessária; A bebida alcoólica é proibida para menores de 18 anos.

a) É proibido a entrada.
b) É proibida a entrada.

Justificativa. A mesma que o item anterior.

a) Seguem anexos os livros.
b) Seguem anexo os livros.

Justificativa. As palavras “anexo”, “incluso”, “mesmo”, “próprio”, “agradecido”, “grato”, “quite” são todas adjetivos, devendo concordar com o substantivo a quem se referem: Os livros seguem anexos; As cartas estão anexas aos documentos; Os convites foram inclusos; Ela mesma comprou seu vestido de casamento; As meninas ficaram gratas.

a) Havia menos alunas na sala.
b) Havia menas alunas na sala.

Justificativa. A palavra “menos” é um advérbio, por isso não pode variar.

a) Bastante pessoas compareceram à reunião.
b) Bastantes pessoas compareceram à reunião.

Justificativa. Nesta oração, “bastante” é um adjetivo, devendo, portanto, variar de acordo com o substantivo a quem se refere. Bastantes sites estarão disponíveis aos nossos clientes; Em minha escola, temos bastantes apostilas aos alunos.

a) Elas falam bastantes.
b) Elas falam bastante.

Justificativa. Percebem que “bastante” não está concordando com um substantivo, mas está expressando uma circunstância do verbo “falar”; por isso esta palavra, neste caso, é um advérbio.

a) Os sapatos eram caros.
b) Os sapatos era caro.

Justificativa. O que aconteceu com a palavra “bastante” pode ocorrer com “caro”. Nesta oração, esta palavra é um adjetivo, concordando com “sapatos”: Comprei uma sandália cara; As pulseiras são caras.

a) As maçãs custam caro.
b) As maçãs custam caros.

Justificativa. Agora a palavra “caro” aparece como advérbio, expressando uma circunstância ao verbo “custar”.

a) Ela é meia acanhada.
b) Ela é meio acanhada.

Justificativa. “Meio” é um advérbio que está se referindo ao adjetivo “acanhada”: Eles são meio tímidos; Hoje o dia estava meio chuvoso. Mas a palavra “meio” pode ser também um numeral, variando juntamente com o substantivo a quem se refere: Comprei meia dúzia de laranjas; Já é meio-dia e meia (hora) aqui em São Paulo.